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Março das Mulheres!

março de 2022
Foto: Irmãs Brontë (Anne, Emily e Charlotte), em quadro pintado pelo irmão Patrick © Wikimedia Commons

As mulheres fazem história durante o ano todo, mas o mês de março tem sido celebrado pelo mundo para marcar as conquistas sociais, políticas e econômicas femininas do século 20.  

Tudo começou  com um único dia - O Dia Internacional da Mulher, em 8 de março -, oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) na década de 1970, quando grupos locais e municípios começaram a celebrar a Semana da História da Mulher e, depois, o Mês da História da Mulher (EUA, Austrália e Reino Unido) - comemorado em março como parte dos ideais de igualdade, respeito e diversidade. 

Trajetória das mulheres escritoras

Entendendo um pouco a história, no passado, uma mulher que publicasse seu livro expondo sua identidade feminina, arriscava-se a ser criticada não só pela sociedade, mas também por familiares, amigos e todo o seu círculo social. Mulheres escrevendo livros, por quê?

E os pseudônimos? Muitas escritoras tiveram de usar pseudônimos masculinos quando publicações escritas por mulheres eram vistas como forma de transgressão: o papel da mulher antigamente era restrito ao lar. 

As irmãs Brontë, por exemplo, famosas autoras de O morro dos Ventos Uivantes escondiam sua identidade feminina sob o pseudônimo Irmãos Bell. O medo de serem alvo de preconceito pela sua escrita não tão feminina assim para os padrões da época era grande. Sob o nome George Sand, Amandine Dupin explodiu por toda a França e é considerada como uma das primeiras feministas francesas que desafiaram o preconceito que empurrava autoras para longe de atividades criativas e literárias. Jane Austen, autora de romances famosos como Orgulho e Preconceito, Emma e Persuasão, publicou todas as suas obras sem revelar a sua identidade, no anonimato. 

Vale ressaltar 

Segundo dados de 2019 da Universidade de São Paulo (USP), apenas 30% do total de escritores brasileiros são do sexo feminino. Pesquisa recente do IBGE revela que, por mais que 50% do público leitor brasileiro seja feminino, as mulheres não são, nem de longe, as mais lançadas no mercado editorial brasileiro.

O coletivo Mulherio das Letras apresentou em 2017 um levantamento mostrando que nos principais veículos de resenhas literárias nacionais, os livros de autoras ocupam apenas metade do espaço que é ocupado por homens. Com apenas metade do espaço de reconhecimento, as mulheres enfrentam o mercado editorial.

Para a escritora Joanna Walsh, que propôs o projeto #readwomen2014 (#leiamulheres2014), que consiste basicamente em ler mais escritoras, o mercado editorial ainda é muito restrito e as mulheres não possuem tanta visibilidade.

Por isso, diversos projetos de incentivo à a leitura de autoras femininas bem como de  estímulo  à produção literária de escritoras ganham cada vez mais relevância no cenário atual. Destacamos aqui algumas iniciativas.  Vale a pena dar uma olhada! 

•          @bondele.canal – canal no YouTube com sugestões de livros e entrevistas inéditas com autoras brasileiras contemporâneas;

•          @clubedaescrita para mulheres – oficinas de escrita gratuitas, para mulheres que escrevem ou querem começar a escrever;

•          @kdmulheres – hub de iniciativas à promoção da visibilidade e do empoderamento das mulheres no campo da escrita e da literatura;

•          @_leiamulheres – clube de leitura inspirado na hashtag #readwomen, com clubes espalhados em 25 estados, com debates mensais de obras literárias escritas por mulheres;

•          @lendomulheresnegras – iniciativa que divulga autoras negras e seus escritos;

•          @literaturaempoderada – clube de leitura de Fortaleza, com debates mensais sobre obras de ficção e não ficção feminina e feministas;

•          @mulheresqueescrevem – iniciativa cujo trabalho principal é realizar curadoria, divulgação e edição de conteúdo produzido por mulheres, além de realizar encontros que debatem a presença feminina no universo da escrita;

•          @pretasqueescrevem – pesquisa voltada à visibilidade de autoras negras, com divulgação dos perfis biográficos e bibliográficos das autoras;

•          @clubedolivromulherzinhas – espaço para debate e compartilhamento de leitura, mulheres lendo mulheres;

•          @ocupabeauvoir – projeto de ativismo contra desigualdades de gênero que usa arte urbana e mídias locativas para ocupar as cidades com indicações de escritoras;

•          @escrevoetc – site que criou a newsletter Para Ler Escritoras, iniciativa que divulga contos, poemas ou trechos de romances;

•          @mulheriodasletras - coletivo literário feminista que reúne cerca de sete mil escritoras, editoras, ilustradoras, pesquisadoras e livreiras, entre outras mulheres ligadas à cadeia criativa e produtiva do livro, no Brasil e no exterior, a fim de dar visibilidade, questionar e ampliar a participação de mulheres no cenário literário. Há outros tantos movimentos que valorizam a produção literária das mulheres. (Fonte: BBC NEWS Brasil/ blog Universo do Livro  e Ser Linguagem). 

Pensando nisso, a equipe do acervo da Biblioteca fez uma seleção de autoras (nacionais e estrangeiras) de diferentes áreas: Filosofia, Psicologia, Literatura, Engenharia de dados e reuniu dicas de escritoras mulheres incríveis para você começar a ler hoje mesmo. Todas as obras estão disponíveis em nosso acervo.

Confira:

Djamila Ribeiro - Filósofa, escritora e acadêmica brasileira. É pesquisadora e mestra em Filosofia Política pela Universidade Federal de São Paulo.

Obra: Cartas para a minha avó 


Marjane Satrapi, nome artístico de Marjane Ebihamis: - É uma romancista gráfica, ilustradora, cineasta e escritora franco-iraniana. Ficou conhecida como a primeira iraniana a escrever história em quadrinhos.

Obra: Persépolis 


Cole Nussbaumer Knaflic - Conta histórias com dados e escreve o popular blog www.storytellingwithdata.com. Suas oficinas e apresentações são altamente procuradas por indivíduos, empresas e organizações filantrópicas dedicadas a dados em todo o mundo. Também atuou como membro adjunto do corpo docente da MICA, onde ensinou Introdução à Visualização de Informações.

Obra: Storytelling com dados 


Clarissa Pinkola Éstes - Ph.D., é acadêmica de renome internacional, poetisa premiada, psicanalista junguiana diplomada e cantadora (guardiã das velhas histórias na tradição latina).

Obra: A ciranda das mulheres sábias 


Ana Martins Marques - Nasceu em 1977, em Belo Horizonte. Graduada em letras, tem doutorado em literatura comparada pela UFMG. Entre outros livros, publicou, Da arte das armadilhas (vencedor do prêmio da Biblioteca Nacional), e O livro das semelhanças (terceiro lugar no prêmio Oceanos).

Obra: Da arte das armadilhas