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Navegue pelo universo da Literatura Indígena

abril de 2022
Foto: reprodução: site revista Carta Capital

A Literatura Indígena brasileira contemporânea é um movimento literário que nasce para a sociedade mais fortemente na década de 1990. A produção textual de autoria indígena dos últimos 30 anos ajuda a recontar a história do Brasil a partir de uma perspectiva diferente da narrativa oficial, sendo ferramenta potente para a difusão da cultura e resgate de representação histórica dos povos originários.

Índio ou indígena?

Antes de mais nada, convém lembrar que o “Dia do Índio”, comemorado em 19 de abril, nos convida a uma reflexão: para Daniel Munduruku, escritor e pós-doutor em Literatura, o termo “índio” não é o adequado, pois foi utilizado de forma a generalizar e atribuir aos povos da terra características preconceituosas como selvagem, preguiçoso, canibal, primitivo, entre outras; tampouco é um sinônimo para a palavra "indígena" – que  significa aquele que pertence ao lugar, ou, original do lugar, e age como afirmativo tanto do pertencimento quanto das tradições de seu povo.

O marco de 1988

Foi somente com a Constituição de 1988 que foi assegurado aos indígenas o direito de manter a sua própria cultura, rompendo uma tradição secular que entendia "os índios como relativamente incapazes", que deveriam ser tutelados por um órgão indigenista estatal (de 1910 a 1967, o Serviço de Proteção ao Índio - SPI; atualmente, a Fundação Nacional do Índio - Funai), até que eles estivessem “integrados à comunhão nacional”, ou seja, à sociedade brasileira. A maior garantia que o texto constitucional trouxe para os indígenas foi o direito de continuar existindo enquanto tais. Essas e outras conquistas são frutos da reivindicação dos próprios grupos indígenas.

É nesse cenário que surgem autores como Daniel Munduruku, Olívio Jekupé e Eliane Potiguara, entre outros. Munduruku, além de presidente do Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual (INBRAPI), pode ser considerado um dos principais autores do que poderia se chamar de “movimento literário indígena”. Com mais de 30 obras publicadas, o autor já teve algumas de suas  publicações traduzidas para outros idiomas e depositadas em importantes bibliotecas como a Library of Congress (EUA) e a Biblioteca Nacional da Itália, por exemplo. Seus textos costumam versar sobre atividades cotidianas nas aldeias e tradições, como no livro Histórias de índio. (fonte: Produção Literária Indígena).



A escritora, poeta e pequisadora Julie Dorricoidealizadora do @leiamulheresindígenas no Instagram, e que pertence ao povo Macuxi, lembra que até a década de 1990 era raríssimo encontrar obras publicadas por autores indígenas. 

Pesquise obras de autores indigenas 

O projeto Bibliografia das Publicações Indígenas do Brasil, coordenado pela bibliotecária e pesquisadora Aline França, o escritor Daniel Munduruku e o também bibliotecário e pesquisador Thulio Dias, traz registros de 58 autores indígenas e 197 obras literárias publicadas. A bibliografia está disponível na plataforma colaborativa Wikilivros que traz um lista das obras organizadas com todas as informações pertinentes de cada publicação.  

Fonte: Carta Capital e Sesc RJ