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Um convite ao futuro: desafios da gestão de ativos no saneamento foi destaque de live com Tico Monteiro

novembro de 2023
Foto: SP Leituras

Referência em Gestão de Ativos no saneamento no Brasil, José Venancio Monteiro, Tico Monteiro, foi o convidado da programação cultural da Biblioteca Sabesp de outubro, no âmbito do eixo técnico, para falar sobre a importância da cultura da gestão de ativos nas companhias de saneamento. O encontro teve a mediação do analista de Gestão de Ativos TE, nova área da Sabesp, Virgílio Tosta, e contou com presença de sabespianos de diversas áreas da companhia, que puderam participar da palestra com suas considerações e perguntas.

Para começar, Tosta destacou a longa trajetória profissional de Tico Monteiro, especialista em Gestão de Mudanças na Gestão de Ativos - Liderança, Cultura e Desempenho e professor, que atua como mentor de gestão de mudanças pessoais e organizacionais, educador, coach de equipes e facilitador de workshops estratégicos há 30 anos. Desde 2013, o profissional concentra-se na Gestão de Ativos, principalmente na Indústria da Infraestrutura, reconhecendo seu potencial transformador. Ele acredita que é responsabilidade das lideranças dos diversos setores desenvolverem e implementarem um plano diretor de gestão de ativos de longo prazo para impulsionar o crescimento e desenvolvimento sustentável da nação.

Tendo esse tema no centro de suas preocupações, Tico iniciou sua apresentação traçando um panorama geral do contexto do saneamento no Brasil e no mundo na perspectiva do impacto da Gestão de Ativos para o desenvolvimento de países. Para ele, o momento aponta para a necessidade premente da renovação. É a partir da reflexão sobre as melhores práticas mundiais - sob o imperativo da integração dos processos do ciclo de vida (planejar, investir, empreender/imobilizar, operar, manter e melhorar, substituir/desmobilizar) - que uma visão sistêmica e holística para a Gestão de Ativos torna-se uma tendência, resultante da combinação entre dois cenários principais: as metas da universalização e os fundamentos da gestão de ativos: liderança, garantia, alinhamento e valor. 

Olhando pelo retrovisor, o especialista citou o protagonismo brasileiro no desenvolvimento e adequação da família de normas ISO 55000, que surgiu como um modelo de referência mundial para os gestores, estabelecendo orientações para a implementação de um sistema de gestão de ativos integrado e efetivo nas organizações. Desde sua publicação, empresas no Brasil e no mundo buscam se adaptar às diretrizes da ISO 55000 e seguem os princípios da gestão de ativos. Ele ressaltou, ainda, a relevante participação de especialistas da Sabesp na vanguarda do desenvolvimento das normas da ABNT.

Entre os benefícios da ISO 55000 para indústrias dos mais diversos segmentos está a redução de falhas, custos, riscos, stress e o aumento da disponibilidade, eficiência, satisfação do cliente e das partes interessadas e da reputação e imagem, fatores que influem no aumento da geração de valor sustentável para as organizações. No setor de água e saneamento, a gestão de ativos é de extrema importância, porque se trata de um recurso natural que deve ser gerenciado de forma inteligente e eficiente. 

Os ativos são o meio pelo qual atendemos nossa comunidade. Cuidar bem deles, desde o momento da tomada de decisão dos investimentos, passando pela forma de operá-los e mantê-los, até sua substituição, em suma, a boa gestão do ciclo de vida desses ativos é uma visão que pode ser estendida a todo o tipo de indústria - elétrica, gás, siderurgia, mineração etc. Estamos falando de uma infraestrutura que suporte o desenvolvimento de países, estamos falando de gestão de ativos”, enfatizou o professor. 

Nessa perspectiva, a Gestão de Ativos conquista cada vez mais espaço e relevância nas organizações, avalia Tico Monteiro, uma vez que as discussões em torno da definição de um marco regulatório para o saneamento ganhou impulso e deflagrou diversas iniciativas. Criado pela lei federal 14.026/2020, o Novo Marco do Saneamento estabelece que 99% da população seja atendida com água tratada e 90% com coleta e tratamento de esgoto em dez anos, o que exige esforço coordenado e foco no contexto do negócio, considerando ativos físicos, humanos, financeiros e intangíveis.

A meta de universalização até 2033 é desafiadora não só para cidades brasileiras, mas também para as empresas, que precisam comprovar capacidade técnica e econômica para executar projetos. Desse modo, segundo o Tico Monteiro, a evolução e avanços são processos irreversíveis para setor de saneamento, tendo em vista a insuficiência dos serviços, com 35 milhões de brasileiros ainda sem acesso à água potável de qualidade e mais de 100 milhões sem esgotamento sanitário. 

Binômio competividade e sustentabilidade

É neste quadro que é possível enxergar uma oportunidade de otimizar a gestão do ciclo de vida para fins regulatórios, fiscais e de geração de valor às partes interessadas de forma sustentável. O ESG (Environmental, Social and Governance) reflete a própria sustentabilidade empresarial e vem assumindo importância estratégica nas organizações. Esta dimensão do mercado demonstra a real importância da Gestão de Ativos está adquirindo nas empresas. “Gestão de ativos é ESG na veia”, disse Tico.

Provocações, riscos, oportunidade e novos desafios

Por outro lado, segundo o especialista, são diversas as questões que se colocam para se fazer uma boa gestão de ativos. Quais os impactos da gestão de ativos no crescimento descontrolado em comunidades irregulares? Na crescente verticalização das cidades, que traz significativas alterações no volume transportado e na rede enterrada, como conseguimos identificar e onde estão os elementos claros para reconhecer riscos e oportunidades?

São reflexões que se desdobram em outras tantas: “Estamos extraindo o máximo de valor dos nossos ativos? Otimizando a disponibilidade dos ativos e maximizando o aproveitamento dos sistemas de água e esgoto? Sua organização consegue demonstrar que está extraindo o máximo de valor dos ativos físicos?  As respostas não são simples, mas a palavra-chave está na integração, de acordo com Tico.

Cenário atual das empresas: visão departamental versus integração

Com relação ao cenário atual das empresas de saneamento, Monteiro acredita que a visão departamental, ou o desalinhamento, não é “o melhor pelo todo” pois, culturalmente, é fato que os departamentos das empresas trabalham para melhoria de seus próprios indicadores. Um novo olhar para a gestão de ativos exige a quebra de fronteiras e um ambiente dinâmico que favoreça a sua implementação”, enfatizou.

Nesse sentido, torna-se imprescindível desenvolver a construção de conhecimento colaborativa (processos internos das áreas entre departamentos), refletir sobre os desafios de forma integrada (perceber impactos e benefícios) e estruturar e implementar planos factíveis (simples, integrados, ágeis e que beneficiem diversas partes afetadas).

Mensagem aos profissionais

Diante do cenário de mudanças apresentado, de acordo com o especialista, o Brasil situa-se no início de um novo ciclo de conexões. “Cada um de nós, temos de enxergar nossa contribuição como um todo, onde seremos melhores profissionais, mais bem remunerados e ter a máxima colaboração para as pessoas e sociedade. Tico aproveita para deixar uma mensagem importante aos profissionais da área de saneamento: foco na atividade, abertura ao novo, não julgar valor, não perder energia.

E fica a pergunta final para reflexão de todos: Qual o convite que a gestão de ativos nos faz?

Para quem ver ou rever a apresentação, a live continua disponível na íntegra no Workplace.